Autoridade da Concorrência analisa aquisições da Boluda no mercado português

A Autoridade da Concorrência (AdC) está a avaliar várias operações de compra realizadas pelo grupo espanhol Boluda em Portugal, no âmbito de um processo destinado a apurar eventuais impactos sobre a concorrência no sector marítimo-portuário.

Em causa estão aquisições que reforçaram a presença do grupo no mercado nacional, em particular nas áreas de rebocagem e serviços portuários. Segundo a AdC, a análise incide sobre a forma como estas operações poderão ter alterado a estrutura concorrencial do sector, nomeadamente ao nível da concentração de mercado e das condições de acesso de outros operadores. O objectivo é determinar se as aquisições respeitam o enquadramento legal e se não resultam em práticas susceptíveis de limitar a concorrência efectiva.

A Boluda tem vindo a expandir a sua actividade em Portugal ao longo dos últimos anos, consolidando posições em vários portos estratégicos. Esta estratégia de crescimento acompanha uma tendência mais ampla de concentração no sector dos serviços marítimos, impulsionada por economias de escala e pela necessidade de investimento em meios técnicos e operacionais.

A investigação encontra-se numa fase preliminar e não implica, para já, qualquer conclusão quanto à existência de irregularidades. A Autoridade da Concorrência sublinha que este tipo de processos visa garantir o funcionamento equilibrado do mercado e a defesa da concorrência efectiva.

O resultado da análise poderá ter implicações relevantes para a organização do sector portuário nacional, num contexto em que os movimentos de consolidação são acompanhados de perto pelas entidades reguladoras.

CMA CGM e DHL avançam com biocombustíveis para reduzir emissões no shipping.

A CMA CGM e a DHL Global Forwarding firmaram um acordo para promover o uso de biocombustíveis no transporte marítimo de contentores, no âmbito dos programas GoGreen Plus da DHL e ACT+ da CMA CGM. A parceria prevê a utilização conjunta de cerca de 8 990 toneladas de biocombustível, permitindo uma redução estimada de aproximadamente 25 mil toneladas de emissões de CO₂.

A CMA CGM assegurará o fornecimento físico do combustível à sua frota, enquanto a DHL aplicará o modelo “Book & Claim” para a contabilização das reduções de emissões. O GoGreen Plus permite aos clientes reduzir as emissões ao longo de todo o ciclo do combustível, com cortes de até 80% face aos combustíveis marítimos convencionais.

A iniciativa visa apoiar os carregadores na redução da pegada de carbono das cadeias de abastecimento internacionais e acelerar a transição do sector marítimo para combustíveis alternativos. Ambas as empresas reafirmam o compromisso de atingir a neutralidade carbónica até 2050, destacando os investimentos em soluções energéticas sustentáveis e em frotas preparadas para combustíveis de baixa emissão.

Trump refere acção contra embarcação ligada ao narcotráfico sem confirmação oficial.

O Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que houve uma “acção” contra um barco ligado ao narcotráfico, sem adiantar pormenores, levando tanto autoridades norte-americanas como venezuelanas a manterem silêncio sobre o que realmente aconteceu.

As declarações foram feitas durante um discurso recente, mas não foram acompanhadas de confirmação oficial por parte do Pentágono, da Guarda Costeira ou de outras agências dos EUA. Do lado venezuelano, o governo de Caracas também evitou comentar, num contexto já marcado por forte tensão diplomática e por acusações recorrentes de Washington sobre o envolvimento de redes criminosas no tráfico de droga a partir da região. A ausência de detalhes alimentou especulação sobre se a alegada acção envolveu intercepção marítima, uso de força ou apenas uma operação de vigilância.

Especialistas em segurança marítima e analistas políticos sublinham que qualquer intervenção directa dos EUA em águas sensíveis, especialmente nas Caraíbas ou próximo da Venezuela, teria implicações diplomáticas relevantes e poderia agravar relações já frágeis. Até ao momento, não há confirmação independente de apreensões, detenções ou incidentes armados associados às palavras de Trump.

ONU alerta para persistência da ameaça da pirataria somali nas rotas marítimas.

A pirataria ao largo da Somália continua a representar um risco real para a navegação internacional e dificilmente desaparecerá no curto prazo, segundo um alerta recente das Nações Unidas. Apesar de um período prolongado de relativa acalmia, o reaparecimento de incidentes nos últimos meses reacendeu as preocupações quanto à segurança no Corno de África e no Oceano Índico ocidental.

De acordo com a ONU, a combinação de instabilidade política na Somália, fragilidade económica das comunidades costeiras e redução da presença naval internacional criou condições favoráveis ao regresso de grupos organizados de piratas. Estes factores estruturais, sublinha a organização, permanecem largamente inalterados, o que torna improvável uma erradicação rápida da ameaça.

Os especialistas alertam que os recentes ataques e tentativas de abordagem a navios mercantes revelam um aumento do nível de organização e da ambição dos grupos envolvidos, que voltam a visar embarcações de grande porte e tripulações internacionais. A situação é agravada pelo contexto de tensão noutras rotas estratégicas, levando alguns armadores a reavaliar percursos e medidas de segurança.

As Nações Unidas defendem a necessidade de uma resposta abrangente, que vá além do reforço militar no mar. O combate à pirataria, sublinha o relatório, passa por investimentos em estabilidade política, desenvolvimento económico local e criação de alternativas sustentáveis para as populações costeiras somalis, tradicionalmente vulneráveis ao recrutamento por redes criminosas. Entretanto, seguradoras e operadores marítimos mantêm níveis elevados de vigilância, com impacto directo nos prémios de seguro, nos custos operacionais e nas decisões de planeamento das viagens. O risco de novos incidentes continua a ser um factor relevante na gestão do tráfego marítimo naquela região.

Para a ONU, a lição do passado recente é clara: a pirataria pode ser contida, mas não desaparece sem uma estratégia de longo prazo que enfrente as suas causas profundas.

Foto: Atique IA Khan/Facebook

Frota inactiva de porta-contentores fecha 2025 abaixo de 1% da capacidade mundial.

A frota mundial de navios porta-contentores inactivos manteve-se abaixo de 1% da capacidade total no final de 2025, confirmando um dos níveis mais baixos registados nas últimas décadas e sinalizando um mercado ainda fortemente pressionado do lado da oferta.

De acordo com os dados mais recentes do sector, a capacidade inactiva rondava cerca de 250 mil TEU no fecho do ano, num universo global que já ultrapassa os 30 milhões de TEU. Este valor inclui navios em paragem temporária, manutenção prolongada ou sem colocação comercial imediata, ficando muito aquém dos níveis observados em períodos de desaceleração anteriores. A persistência de uma frota praticamente toda absorvida pelo mercado resulta de vários factores combinados. Por um lado, a procura manteve-se resiliente em 2025, apesar do abrandamento económico em algumas regiões e da volatilidade geopolítica. Por outro, as disrupções em rotas estratégicas, nomeadamente no Mar Vermelho, levaram ao alongamento das viagens e à necessidade de maior capacidade efectiva para assegurar os mesmos volumes.

Mesmo com a forte entrada de novos navios ao longo do ano, as companhias conseguiram absorver essa capacidade adicional através da gestão activa das redes, da introdução de serviços suplementares e da adaptação dos itinerários. O resultado foi um mercado com escassa margem de capacidade ociosa, sobretudo nos segmentos de médio e grande porte. Os analistas sublinham, contudo, que esta situação poderá alterar-se em 2026, à medida que novas entregas continuem a chegar aos estaleiros e caso se verifique uma normalização das rotas actualmente afectadas por constrangimentos de segurança.

Ainda assim, o fecho de 2025 confirma que o sector entra no novo ano com uma frota largamente empregue e com níveis de inactividade historicamente reduzidos.

Projecto com coordenação portuguesa reconhecido pela ONU pela protecção do oceano.

Uma iniciativa internacional liderada por Portugal foi distinguida pelas Nações Unidas como um dos projectos de referência na área da conservação e gestão sustentável do oceano, sublinhando o papel do país na promoção de políticas e soluções inovadoras para a protecção dos ecossistemas marinhos. O reconhecimento foi atribuído no âmbito de um programa das Nações Unidas dedicado a identificar e valorizar iniciativas com impacto positivo na saúde dos oceanos, na governação marítima e no uso responsável dos recursos marinhos. A distinção destaca a capacidade do projecto em articular ciência, cooperação internacional e acção concreta no terreno.

Segundo informação divulgada pelas entidades envolvidas, a iniciativa portuguesa tem vindo a desenvolver ferramentas e metodologias orientadas para a preservação da biodiversidade marinha, a melhoria do conhecimento científico sobre o oceano e o reforço da cooperação entre Estados, investigadores e decisores políticos. O trabalho desenvolvido tem incidido tanto em águas nacionais como em contextos internacionais.

Para os responsáveis pelo projecto, o reconhecimento da ONU valida uma abordagem que aposta na partilha de conhecimento e na construção de soluções colectivas para desafios globais, como a degradação dos ecossistemas marinhos, as alterações climáticas e a pressão crescente sobre os oceanos. A distinção surge também como um incentivo à continuidade e expansão das actividades desenvolvidas. O Governo português saudou a decisão das Nações Unidas, considerando que o prémio reforça a posição de Portugal como actor relevante na agenda internacional do oceano. Nos últimos anos, o país tem procurado afirmar-se como plataforma de diálogo e inovação em matérias ligadas ao mar, à sustentabilidade e à governação oceânica.

A distinção agora atribuída integra-se nos esforços globais para cumprir os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, em particular o objectivo dedicado à conservação e uso sustentável dos oceanos, mares e recursos marinhos.

Encomendas de novos porta-contentores disparam e fazem de 2025 um ano histórico para os estaleiros.

O ano de 2025 está a afirmar-se como um marco sem precedentes na encomenda de novos navios porta-contentores, com os armadores a colocarem volumes recorde de contratos junto dos estaleiros navais, apesar de um contexto marcado por incerteza no comércio global e por excesso de capacidade em algumas rotas. Os dados mais recentes do sector indicam que o número de navios encomendados ultrapassa largamente a média histórica, reflectindo uma aposta clara das grandes companhias de transporte marítimo na renovação e modernização das suas frotas. Em muitos casos, estas novas encomendas destinam-se não apenas a aumentar capacidade, mas sobretudo a substituir navios mais antigos e menos eficientes.

A pressão regulatória relacionada com a descarbonização do transporte marítimo surge como um dos principais motores deste ciclo de investimento. Os novos porta-contentores incorporam soluções tecnológicas orientadas para a redução de emissões, incluindo motores preparados para combustíveis alternativos, maior eficiência energética e sistemas avançados de optimização do consumo.

Paralelamente, a instabilidade geopolítica e as perturbações persistentes em corredores estratégicos, como o Mar Vermelho, reforçaram a necessidade de frotas mais flexíveis e resilientes. Para muitos armadores, assegurar slots de construção nos estaleiros tornou-se uma prioridade estratégica, num mercado em que a capacidade de construção disponível começa a dar sinais de saturação.

Apesar do dinamismo nas encomendas, vários analistas alertam para o risco de um novo desequilíbrio entre oferta e procura no médio prazo, sobretudo se o crescimento do comércio mundial não acompanhar a entrada em serviço destes navios a partir de 2027 e 2028. A memória do excesso de tonelagem registado em ciclos anteriores continua presente no sector.Ainda assim, os armadores parecem dispostos a assumir esse risco, apostando que a combinação entre renovação de frota, exigências ambientais e reorganização das cadeias logísticas sustentará a procura por navios mais modernos.

Para os estaleiros navais, 2025 já é visto como um ano excepcional, com carteiras de encomendas cheias e prazos de entrega a estenderem-se por vários anos.

Bruxelas volta a proibir a pesca no Golfo da Biscaia em 2026 para proteger os golfinhos.

A Comissão Europeia decidiu renovar, em 2026, a proibição temporária da pesca em vastas áreas do Golfo da Biscaia, numa tentativa de travar a elevada mortalidade de golfinhos resultante de capturas acidentais. A medida, que já foi aplicada em anos anteriores, incide sobretudo sobre artes de pesca consideradas de maior risco para estas espécies protegidas. A suspensão abrangerá novamente os meses de Inverno, período em que se regista um aumento significativo de encalhes de golfinhos nas costas de França e Espanha. Estudos científicos indicam que muitos destes animais morrem após ficarem presos em redes de pesca, fenómeno que tem gerado crescente preocupação entre investigadores, organizações ambientais e instituições europeias.

Bruxelas sustenta a decisão com base em pareceres científicos que apontam para a necessidade de reduzir drasticamente as interacções entre a actividade piscatória e os cetáceos. Segundo a Comissão, as restrições temporárias demonstraram eficácia na diminuição das capturas acidentais, ainda que os resultados fiquem aquém dos objectivos de conservação a longo prazo.

A decisão volta, no entanto, a gerar contestação no sector das pescas. Associações de armadores e pescadores alertam para o impacto económico da medida, sublinhando que a paralisação forçada afecta rendimentos, emprego e a sustentabilidade de muitas comunidades costeiras dependentes da pesca no Golfo da Biscaia.

Em resposta às críticas, a Comissão Europeia afirma que está a trabalhar em soluções complementares, incluindo o desenvolvimento e a adopção de tecnologias de mitigação, como dispositivos acústicos dissuasores e alterações nas artes de pesca, com o objectivo de compatibilizar a protecção dos cetáceos com a continuidade da actividade económica. A renovação da proibição reflecte o equilíbrio delicado que a União Europeia procura alcançar entre a conservação da biodiversidade marinha e a viabilidade do sector das pescas, num contexto de pressão crescente sobre os ecossistemas oceânicos.

Perda de contentores no mar passa a ter notificação obrigatória a partir de 2026.

A partir de 2026, os navios que percam contentores no mar passam a estar legalmente obrigados a comunicar o incidente de forma imediata às autoridades marítimas.

A medida resulta de alterações à Convenção SOLAS, aprovadas no âmbito da Organização Marítima Internacional (OMI), e visa reforçar a segurança da navegação e a protecção do meio marinho.De acordo com as novas regras, sempre que se verifique a perda de um ou mais contentores, o comandante do navio deverá notificar sem demora o Estado costeiro mais próximo, indicando a posição do incidente, o número de unidades envolvidas e informações relevantes sobre a carga transportada.

Sempre que possível, deverá também ser comunicado se os contentores flutuam ou representam risco para outras embarcações.Caso nem todos os dados estejam disponíveis no momento da ocorrência, a norma prevê que seja feita uma notificação inicial, a qual terá de ser actualizada assim que existam novas informações. O objectivo é permitir uma resposta mais rápida por parte das autoridades, nomeadamente através da emissão de avisos à navegação e da adopção de medidas de mitigação de riscos. A decisão surge num contexto de crescente preocupação com o aumento do número de contentores perdidos no mar, fenómeno associado à intensificação do tráfego marítimo, à dimensão crescente dos porta-contentores e a condições meteorológicas mais adversas. Para além dos riscos de colisão e encalhe, a perda de contentores pode representar uma ameaça ambiental significativa, sobretudo quando estão em causa mercadorias perigosas.

Com esta alteração ao quadro regulatório internacional, a OMI pretende também aumentar a transparência na comunicação destes incidentes, promovendo uma gestão mais eficaz da segurança marítima e da protecção dos oceanos.

Bloqueio no porto de Leixões interrompe ligações marítimas com a Madeira

A actividade marítima no porto de Leixões voltou a ser afectada por um bloqueio promovido por armadores, uma situação que está a provocar constrangimentos significativos nas ligações regulares entre o continente e a Região Autónoma da Madeira.

A paralisação, que envolve navios de transporte de mercadorias, impede a entrada e saída de embarcações, com impacto directo no abastecimento da ilha.De acordo com informações avançadas pelo sector, o bloqueio resulta de um diferendo relacionado com condições operacionais e económicas, num contexto de crescente tensão entre operadores marítimos e entidades portuárias.

A interrupção das operações levou já ao cancelamento de escalas e ao adiamento de carregamentos destinados à Madeira, afectando cadeias logísticas essenciais. Empresas ligadas ao transporte marítimo alertam para as consequências desta situação, sublinhando que a Madeira depende fortemente das ligações marítimas para o fornecimento de bens alimentares, combustíveis e outros produtos essenciais. Embora existam reservas de segurança, o prolongamento do bloqueio poderá gerar dificuldades adicionais para operadores económicos e consumidores finais. Fontes do sector portuário admitem que estão a decorrer contactos no sentido de desbloquear a situação, mas, até ao momento, não existe uma previsão concreta para a reposição da normalidade em Leixões. As autoridades acompanham o desenvolvimento do protesto, avaliando os seus impactos na logística nacional e regional.

Este novo bloqueio surge num período já marcado por instabilidade no transporte marítimo, agravando as fragilidades das ligações entre o continente e as regiões insulares. Para os operadores e para a Madeira, a resolução célere do conflito é vista como essencial para evitar efeitos mais profundos no abastecimento e na economia regional.