ONU alerta para persistência da ameaça da pirataria somali nas rotas marítimas.

A pirataria ao largo da Somália continua a representar um risco real para a navegação internacional e dificilmente desaparecerá no curto prazo, segundo um alerta recente das Nações Unidas. Apesar de um período prolongado de relativa acalmia, o reaparecimento de incidentes nos últimos meses reacendeu as preocupações quanto à segurança no Corno de África e no Oceano Índico ocidental.

De acordo com a ONU, a combinação de instabilidade política na Somália, fragilidade económica das comunidades costeiras e redução da presença naval internacional criou condições favoráveis ao regresso de grupos organizados de piratas. Estes factores estruturais, sublinha a organização, permanecem largamente inalterados, o que torna improvável uma erradicação rápida da ameaça.

Os especialistas alertam que os recentes ataques e tentativas de abordagem a navios mercantes revelam um aumento do nível de organização e da ambição dos grupos envolvidos, que voltam a visar embarcações de grande porte e tripulações internacionais. A situação é agravada pelo contexto de tensão noutras rotas estratégicas, levando alguns armadores a reavaliar percursos e medidas de segurança.

As Nações Unidas defendem a necessidade de uma resposta abrangente, que vá além do reforço militar no mar. O combate à pirataria, sublinha o relatório, passa por investimentos em estabilidade política, desenvolvimento económico local e criação de alternativas sustentáveis para as populações costeiras somalis, tradicionalmente vulneráveis ao recrutamento por redes criminosas. Entretanto, seguradoras e operadores marítimos mantêm níveis elevados de vigilância, com impacto directo nos prémios de seguro, nos custos operacionais e nas decisões de planeamento das viagens. O risco de novos incidentes continua a ser um factor relevante na gestão do tráfego marítimo naquela região.

Para a ONU, a lição do passado recente é clara: a pirataria pode ser contida, mas não desaparece sem uma estratégia de longo prazo que enfrente as suas causas profundas.

Foto: Atique IA Khan/Facebook

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