EU-ETS começa a redesenhar rotas e a desviar actividade para portos fora da UE.

Os primeiros sinais de que a aplicação do Sistema Europeu de Comércio de Licenças de Emissão (EU-ETS) ao transporte marítimo está a influenciar a organização das rotas começam a surgir a partir do país vizinho. Em Espanha, a Puertos del Estado detectou um aumento da actividade em portos não pertencentes à União Europeia, fenómeno que está a ser associado à adaptação das companhias aos novos custos ambientais.

De acordo com a entidade portuária espanhola, as alterações verificadas resultam de uma reorganização progressiva das redes marítimas, com armadores a reavaliarem escalas, hubs de transhipment e pontos de consolidação de carga. A inclusão do transporte marítimo no ETS introduziu um custo directo associado às emissões de CO₂, levando os operadores a procurar soluções que reduzam essa exposição.

Este movimento começa a ser visível em portos localizados fora do espaço comunitário, mas próximos da União Europeia, que estão a ganhar relevância como alternativas logísticas. Estas infra-estruturas permitem às companhias limitar o impacto do ETS em determinadas ligações, mantendo a eficiência operacional e o equilíbrio económico das rotas globais.

A Puertos del Estado sublinha que se trata ainda de uma tendência em fase inicial, mas alerta para potenciais consequências na competitividade de alguns portos europeus caso esta dinâmica se consolide. O impacto poderá ser mais acentuado em segmentos como o transhipment internacional e em rotas de longo curso, onde existe maior margem para a redefinição de escalas.

Apesar dos alertas, a entidade recorda que o EU-ETS é um instrumento central da política climática europeia, destinado a induzir mudanças reais no comportamento do sector marítimo. O desafio será evitar que os objectivos ambientais se traduzam apenas numa deslocação geográfica da actividade e das emissões, sem benefícios efectivos para o clima.

A leitura que chega do país vizinho sugere que o ETS marítimo já está a influenciar decisões estratégicas das companhias, antecipando um período de ajustamento profundo na geografia portuária europeia e nas cadeias logísticas internacionais.

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