
O mercado global de transporte marítimo de contentores encerra 2025 marcado por um contraste evidente entre resultados financeiros robustos e um quadro estruturalmente instável. Num ano dominado por disrupções geopolíticas e operacionais, as grandes companhias de navegação beneficiaram de fretes elevados, enquanto carregadores e cadeias logísticas enfrentaram custos acrescidos e menor previsibilidade.
A insegurança no Mar Vermelho foi o principal factor de distorção do mercado. O desvio de rotas pelo Cabo da Boa Esperança prolongou os tempos de trânsito e absorveu capacidade disponível, sustentando tarifas acima da média histórica, sobretudo nos tráfegos entre a Ásia e a Europa. Apesar de uma ligeira correcção na segunda metade do ano, os fretes mantiveram-se em níveis elevados.
Em paralelo, prosseguiu a entrada em serviço de novos navios porta contentores, resultantes de encomendas realizadas no período pós pandemia. Este aumento da frota acentuou o risco de excesso de capacidade, um problema que poderá tornar-se mais visível caso se verifique a normalização das rotas pelo Canal do Suez.
O ano ficou igualmente marcado pela reorganização das alianças marítimas, com o fim da 2M e a redefinição das redes de serviços globais. Estas mudanças tiveram impacto directo nos portos, alterando escalas, fluxos de carga e equilíbrios regionais, num contexto de concorrência crescente entre plataformas logísticas.
A nível portuário, 2025 registou também episódios de tensão laboral e constrangimentos operacionais em vários países, factores que influenciaram decisões estratégicas das companhias quanto à escolha de portos e à concentração de tráfegos.
Apesar dos elevados lucros alcançados, o sector enfrenta um futuro incerto. A combinação entre excesso de capacidade, abrandamento do comércio mundial e aumento das exigências ambientais coloca desafios significativos à sustentabilidade do modelo actual. O ano de 2025 confirma, assim, um mercado altamente dependente de factores externos, onde a volatilidade continua a ser uma constante.