
Mesmo com um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, ( mais efectivo que o actual), o tráfego marítimo no Mar Vermelho não deverá regressar à normalidade num futuro próximo. A trégua entre as partes envolvidas no conflito não é, por si só, suficiente para restaurar a confiança das companhias de navegação nem para garantir a segurança ao longo desta rota estratégica.
Os rebeldes Houthi, que controlam parte significativa do Iémen, já anunciaram que pretendem continuar a atacar embarcações e a interromper as linhas de comércio que atravessam a região. Até agora, não manifestaram qualquer intenção de aderir a um acordo de cessar-fogo, o que mantém o risco elevado para o transporte marítimo internacional.
Os grandes armadores exigem garantias de segurança concretas antes de retomarem as passagens pelo Canal do Suez. Além disso, reorganizar as frotas globais é um processo demorado, e os especialistas estimam que possa levar vários meses até as rotas voltarem a funcionar com regularidade.
Um regresso repentino ao Suez também não resolveria todos os problemas. Pelo contrário, poderia provocar congestionamentos severos nos principais portos, uma vez que centenas de navios estão actualmente desviados por rotas alternativas mais longas, como a que contorna o sul de África.
Em termos económicos, o impacto deverá ser sentido de forma oscilante: as tarifas de transporte poderão aumentar num primeiro momento, devido à procura reprimida, mas poderão cair rapidamente depois, quando o excesso de oferta voltar ao mercado. No melhor dos cenários, analistas antecipam que a recuperação plena do tráfego marítimo na região só ocorrerá entre o final de 2026 e o início de 2027, um sinal claro de que os efeitos do conflito e da instabilidade regional continuarão a fazer-se sentir durante muito tempo.