
A União Europeia deu um novo passo na escalada das sanções contra a Rússia, ao aprovar um pacote que inclui a proibição da importação de gás natural liquefeito (GNL) proveniente daquele país e o reforço das restrições à chamada “frota sombra”, usada por Moscovo para contornar as medidas em vigor.
O 19.º pacote de sanções, anunciado esta quinta-feira pela Comissão Europeia, prevê que a proibição entre em vigor em Janeiro de 2027, dando tempo aos Estados-membros e às empresas para se adaptarem. Trata-se da primeira vez que o bloco comunitário avança para uma interdição total do GNL russo, um sector até agora poupado por razões de segurança energética.
O novo pacote atinge também a vasta rede de navios e intermediários que a Rússia tem utilizado para manter as suas exportações energéticas. Bruxelas estima que mais de 500 embarcações façam parte desta “frota em sombra”, registada sob bandeiras de conveniência e operada através de empresas-fantasma.
A União Europeia passa agora a proibir o acesso aos portos europeus a qualquer navio que transporte petróleo ou gás russos fora dos limites fixados pelas sanções. Serão igualmente sancionadas empresas de navegação, seguradoras e intermediários que participem nesses esquemas de transporte.
Fontes comunitárias explicam que estas medidas visam reduzir o financiamento da guerra na Ucrânia e “fechar as brechas” que, até agora, permitiam à Rússia continuar a exportar energia através de canais informais.
Bruxelas reconhece que a decisão poderá ter efeitos no mercado europeu do gás, sobretudo para países com maior dependência de GNL importado. Ainda assim, a Comissão defende que a diversificação de fornecedores — nomeadamente dos Estados Unidos, do Qatar e de África Ocidental — permitirá compensar a perda de volumes russos.Do ponto de vista marítimo, o endurecimento das regras deverá aumentar o escrutínio sobre registos navais e seguros de navios, sectores frequentemente utilizados para ocultar a verdadeira origem das cargas. A frota sombra tem sido criticada por motivos de segurança e ambientais, devido ao envelhecimento das embarcações e à opacidade das suas operações.