
A gigante estatal chinesa do transporte marítimo, a COSCO Shipping, está a exigir o direito de veto no consórcio liderado pela MSC – Mediterranean Shipping Company e pela divisão de infra-estruturas da BlackRock, actualmente em negociações para a aquisição do negócio portuário da CK Hutchison, conglomerado de origem honconguesa detido por Li Ka-shing.
A operação em causa abrange 43 terminais portuários em todo o mundo, incluindo dois de particular importância estratégica junto ao Canal do Panamá. De acordo com informações avançadas pela agência Bloomberg e pela Reuters, a COSCO alega que a sua participação activa na operação é essencial para salvaguardar os interesses nacionais da China. Além do direito de veto, a empresa chinesa está a requerer acesso pleno aos dados operacionais dos terminais a adquirir, embora, até ao momento, o consórcio apenas tenha aceite conceder acesso limitado à informação.
A pressão por parte da COSCO tem vindo a intensificar-se à medida que se aproxima o prazo-limite das negociações exclusivas com a Hutchison, que termina a 27 de Julho. Caso os seus pedidos não sejam atendidos, o governo chinês ameaça, segundo fontes próximas do processo, bloquear a transacção através de mecanismos regulatórios, sobretudo tendo em vista os terminais localizados nas imediações do Canal do Panamá, região de grande valor geopolítico. Este cenário coloca sob tensão as negociações entre as partes, numa altura em que os Estados Unidos observam o desenvolvimento com preocupação. Figuras políticas norte-americanas, incluindo o antigo Presidente Donald Trump, já expressaram o seu desagrado perante a eventual influência acrescida da China numa zona considerada estratégica para o comércio global.
Neste momento, não existe ainda acordo quanto à participação formal da COSCO no consórcio, nem sobre a concessão do tão ambicionado direito de veto. A decisão final deverá ser tomada nos próximos dias, num ambiente de crescente pressão diplomática e concorrência geoeconómica.