Piratas no Sudeste Asiático em alta rotação.

Durante o primeiro semestre de 2025, os ataques a navios mercantes aumentaram de forma expressiva, com um total de noventa incidentes registados a nível mundial — um acréscimo de 50% face aos sessenta ocorridos no mesmo período de 2024, segundo o mais recente relatório do International Maritime Bureau (IMB). Este valor representa o número mais elevado desde 2020, com o Sudeste Asiático a destacar-se como a região mais afectada.

O Estreito de Singapura tornou-se o principal foco de actividade pirata, contabilizando cinquenta e sete incidentes entre Janeiro e Junho, quase quadruplicando os treze registados no mesmo intervalo de 2024 — um aumento de 338,4%. Esta zona sozinha foi responsável por mais de 63% dos ataques globais. Março revelou-se o mês mais crítico, com vinte e um episódios, enquanto Junho foi o de menor actividade, com onze.

O Mar da Indonésia surgiu como a segunda área mais atingida, com oito ataques verificados no mesmo período, número inferior aos doze reportados no ano anterior. Já locais como o Estreito de Malaca, a costa da Malásia e as Filipinas não registaram qualquer incidente relevante no período analisado.

De acordo com o IMB, a maioria dos ataques ocorreu em navios com mais de 150.000 toneladas, com uma taxa de sucesso na abordagem de cerca de 95%. Apesar de geralmente serem considerados assaltos de oportunidade com gravidade moderada, a presença de armas e a vulnerabilidade das tripulações continuam a gerar preocupação.

Nas demais regiões, registaram-se cinco incidentes no subcontinente indiano, quatro nas Américas e dezassete no continente africano. O relatório não contempla ocorrências posteriores em zonas de alto risco, como o Mar Vermelho ou o Golfo de Áden, onde alguns ataques resultaram em vítimas mortais.

Entre Janeiro e Junho de 2025, setenta e nove embarcações foram efectivamente abordadas, quatro foram sequestradas, uma foi alvo de disparos e outras seis escaparam a tentativas de assalto. Ao nível da tripulação, quarenta marítimos foram feitos reféns, dezasseis sequestrados, cinco ameaçados e três agredidos. Os graneleiros lideraram em número de incidentes (trinta e quatro), seguidos por navios porta-contentores (treze), petroleiros (doze), navios de carga geral (sete) e rebocadores (sete).

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