
Os sindicatos de estivadores estão a planear uma reunião global para delinear aquilo que estão a enquadrar como uma guerra de sobrevivência contra a automação.
A International Longshoremen’s Association (ILA), sediada nos Estados Unidos, e o International Dockworkers Council (IDC), anunciaram na quarta-feira a realização da People Over Profit Anti-Automation Conference (Conferência Contra a Automação: As Pessoas Primeiro que o Lucro), nos dias 5 e 6 de Novembro, em Lisboa, Portugal, sede do IDC.
O convite, dirigido a todos os sindicatos marítimos, profissões e dirigentes do sector, tem como objectivo “estrategizar colectivamente, partilhar experiências e fortalecer a nossa frente unida contra a ascensão da automação que substitui postos de trabalho”. O documento foi assinado por Harold Daggett, Presidente da ILA; pelo seu filho, Dennis Daggett, Vice-Presidente Executivo da ILA e Coordenador-Geral do IDC; por Jordi Arugunde, Coordenador Internacional do IDC; e por Xavier Bellido, do Secretariado do IDC.
“Isto não se trata apenas de proteger os nossos empregos. Trata-se de preservar as nossas comunidades, as nossas famílias e o próprio futuro que estamos a construir para a próxima geração”, afirmou Dennis Daggett numa carta que acompanha o anúncio.
A ILA, que representa 24.000 trabalhadores, esteve no centro de um amargo conflito contratual relativo à automação nos portos, que culminou numa greve de três dias em Outubro de 2024, paralisando a movimentação de contentores nos portos da costa Leste e do Golfo dos EUA. O sindicato e os empregadores portuários acabaram por chegar a um acordo histórico de seis anos, que permite alguma automação, mas com garantias significativas de protecção do emprego.
“A automação está a infiltrar-se em todos os sectores, pouco a pouco, indústria a indústria, enquanto as corporações globais se escondem por detrás de palavras como eficiência e progresso”, escreveu Daggett. “Também estão a promover automação destruidora de empregos sob o pretexto da segurança. Mas aquilo que verdadeiramente pretendem é apenas uma coisa – reduzir custos laborais.”
“Isto não é um problema dos operários. É uma crise da classe trabalhadora, que ameaça os meios de subsistência tanto de trabalhadores braçais como de quadros técnicos. Quer trabalhem numa grua ou num terminal informático, os riscos são os mesmos. E a responsabilidade de agir também.”
“A tecnologia deve servir a humanidade, não substituí-la.”
O IDC é composto por 92 organizações de 41 países e conta com mais de 100.000 membros filiados.
O SEAL — Sindicato dos Estivadores e da Actividade Logística de Portugal, continua oficialmente afiliado ao IDC e mantém laços de solidariedade com a ILA, não se sabendo muitos dados sobre a composição actual do mesmo.